sábado, 12 de setembro de 2015

Imperador Imortal

O conto apresentado a seguir "Imperador Imortal", é ficção baseado em fatos reais. Apreciem com moderação!!!!



IMPERADOR IMORTAL
Irineu Lima de Albuquerque
            Corria o primeiro mês do antigo calendário chinês – Zheng – para o Ocidente seria novembro/dezembro do ano 260 aC - nascia então Ying Jien, filho de Zichu, príncipe da casa real de Chin. Zichu era refém por conta de um acordo político entre Chin e Zhau. Zheng nasceu em Handan, capital de Zhau – Posteriormente, Zichu conseguiu retornar a Chin, com a ajuda de um rico comerciante – Lü Bowei, sendo então considerado postumamente como Rei Zhuangxiang de Chin. As más línguas diziam que Zheng era filho de Lü Bowei, pois sua mãe seria concubina desse e que posteriormente foi dada a Zichu, mas essa história é duvidosa.
            Com a morte do pai, Zheng assumiu o trono com apenas treze anos, em 247 aC. Entretanto, Lü Bowei se tornou regente e o orientava, Zheng somente assumiu o trono com plenos poderes aos vinte um anos após uma cerimônia.
            Zheng estava com quatorze anos de idade e recebia os ensinamentos necessários para um futuro líder. Já demonstrava inteligência estratégica e pensamento rápido.
            – Mestre Lü! – Inqueriu Zheng, estou recebendo todos os ensinamentos necessários para assumir meu lugar, da estratégia até treinamento de guerra e manuseio das armas. Mas não posso usar os soldados para treinar minhas artes, eles estão sempre em treinamento de guerra ou missão.
            – E no que você está pensando pequeno mestre? – Perguntou com uma pulga atrás da orelha Lü Bowei.
            – Preciso de modelos de soldados para traçar as estratégias de luta. Então pensei e pedir para confeccionarem bonecos do tamanho de homens e treinar as técnicas de batalha e posicionamento. – Respondeu o pequeno príncipe.
            – Ora essa! Pequenino! Vamos até os artesãos e ordená-los que façam esses bonecos.
            – Que bom mestre Lü, estou muito contente com isso!
            O tempo foi passando e os bonecos foram sendo confeccionados. Eram soldados, arqueiros e oficiais, todos em poses e tamanhos naturais, havia até mulheres e animais. Tornou-se uma obsessão para o príncipe. Aos poucos foram anexadas aos guerreiros de terracota armas e transportes, como carruagens de guerra e equipamentos. O príncipe convocava sempre que possível os generais e até soldados que estiveram em guerras para treinar o posicionamento do exército, e assim aperfeiçoava as técnicas de batalha. Ficava correndo entre os guerreiros de pedra e brandindo uma espada de madeira para treinamento, rindo ou soltando gritos de guerra. Tudo era visto com olhos de alegria para aqueles que o observava.
            Mas Lü Bowei via o garoto crescer e sabia que em breve teria que entregar o trono para aquele menino. Começou então a imaginar um plano de morte, começando com a infiltração de um falso eunuco no palácio real. Esse eunuco logo fez amizade com a mãe de Zheng, e tiveram dois filhos escondido. Tudo para que um desses garotos assumisse o trono no lugar de Zheng. Mas o plano foi descoberto.
            – Mestre Lü Bowei! Meus espiões descobriram que um homem estava infiltrado no harém real, e que esse seduziu minha mãe. Quero a cabeça dele imediatamente.
            – Do que está falando pequeno príncipe?
            – Chega Lü Bowei! Não sou mais um menino! Já tenho 20 anos e logo vou assumir o trono.
            – Perdão senhor, não quis ser impertinente! Tem certeza sobre o que os espiões descobriram?
            – Absoluta! Exijo que ele seja decapitado.
            – Sim senhor, será providenciado.
            – E quero também a cabeça dos meus irmãzinhos.
            – Como?
            – Isso mesmo o que ouviu! A cabeça dos meus dois irmãzinhos. E depois quero conversar com você! Chame a guarda real.
            Tudo foi feito como ordenado. O falso eunuco foi morto, e Lü Bowei não vendo solução, suicidou-se tomando uma taça de vinho envenenada. Com pouco mais de vinte e um anos, em torno de 239 aC, após uma cerimônia de maior idade, Zheng assume o trono. E Li Si se torna primeiro ministro. Tem início um estado de totalitarismo.
            Zheng continua com sua obsessão por jogos de guerra e sua coleção de boneco guerreiros só aumentava.
            – Li Si, chegou minha hora! Vou ampliar meu reino. – E atacando de forma impiedosa conquistou o estado feudal de Chu, e em seguida Yan e Zhao, e depois os demais em menos de dez anos: Qi, Wei e Han. Utilizava-se de espiões infiltrados. Era um homem extremamente inteligente, mas violento e impiedoso.
– Não façam prisioneiros. – Era o seu grito de guerra preferido.
            Em 220 aC iniciou a construção da Grande Muralha da China e em 221 aC havia conquistado todos os estados feudais, tornou-se rei do estado de Chin, Imperador de toda China. E adotou o nome de Qin Shi Huang Di – imperador que começa. Dividiu o país em trinta e duas regiões subordinadas, divididas em distritos. Sistema que duraria por dois mil anos.
            Sua grande obsessão era viver para sempre.
            – Li Si! – Gritou o imperador.
            – Sim meu magnânimo imperador?
            – Chame os magos da corte, preciso conversar com eles.
            Durante uma demorada conversa com os magos da corte foi orientado a procurar as lendárias Ilhas dos Imortais. Algum tempo depois.
            – Finalmente! Obtive a fórmula mágica para a imortalidade. – Então ordenou a seus magos o preparo da poção mágica. Diariamente bebia aquele líquido que lhe daria a vida eterna. Todavia, no mês de setembro de 210 aC ele morre no palácio de Shaqiu, que ficava a dois meses de distância da capital Xian, onde estava a tumba mortuária. Por envenenamento por mercúrio, um dos componentes da poção.

            Li Si com medo de uma revolta popular instrui alguns soldados de confiança e o corpo é transportado secretamente para Xian, onde foi sepultado com todos os seus guerreiros de terracota e ainda, as concubinas mais próximas o acompanharam na morte. Apesar de tirano e ter destruído todos os registro históricos, para que ficasse apenas os da dinastia Chin, foi responsável pela unificação da língua - o mandarim Xiaozhuan e as medidas de peso, volume e extensão, bem como moedas e leis. Ainda hoje, apesar dos guerreiros de terracota terem sido descoberto, seu túmulo não foi aberto. O primeiro imperador se tornou imortal!

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